1. (FUVEST) João
Guimarães Rosa, em Sagarana, permite ao leitor observar que:
- explora o folclórico do sertão.
- em episódios muitas vezes palpitantes surpreende a realidade nos mais
leves pormenores e trabalha a linguagem com esmero.
- limita-se ao quadro do regionalismo brasileiro.
- é muito sutil na apresentação do cotidiano banal do jagunço.
- é intimista hermético.
2.
(FUVEST) Dentre os contos de Sagarana existe um em que o narrador
sustenta um duelo literário com outro poeta, chamado Quem Será, e no qual se
fazem várias considerações sobre a natureza da poesia. Numa metáfora do
condicionamento do homem, resistente à aceitação do novo e diferente, o
autor leva a personagem a passar por um período de cegueira. A partir daí a
personagem descobre a mutilação dos sentidos, que agora se abrem a outras
vertentes da realidade.
Em qual dos
contos abaixo se discute essa questão?
- "A hora e a vez de Augusto Matraga".
- "Duelo".
- "Conversa de bois".
- "São Marcos".
- "Corpo fechado".
3. (CEFET-PR) Sobre os contos de Sagarana é INCORRETO
afirmar:
a. A volta do marido pródigo demonstra, no comportamento do
protagonista, o poder criador da palavra, dimensão da linguagem tão
apreciada por Guimarães Rosa.
b. Tanto em Corpo fechado quanto em Minha gente o
espaço é variado, deslocando-se a ação de um lugar para outro.
c. Em Duelo e Sarapalha figuram personagens
femininas cujos traços não aparecem nas mulheres de outros contos.
d. O burrinho pedrês, Conversa de bois e São
Marcos trabalham com a mudança de narradores.
e. A hora e a vez de Augusto Matraga não apresenta a inserção
de casos ou narrativas secundárias.
4. (UPF) Nos contos de Sagarana, Guimarães Rosa resgata,
principalmente, o imaginário e a cultura:
a. da elite nacional
b. dos proletários urbanos
c. dos povos indígenas
d. dos malandros de subúrbio
e. da gente rústica do interior
5. (UEL) O trabalho com a linguagem por meio da
recriação de palavras e a descrição minuciosa da natureza, em especial
da fauna e da flora, são uma constante na obra de João Guimarães Rosa.
Esses elementos são recursos estéticos importantes que contribuem para
integrar as personagens aos ambientes onde vivem, estabelecendo relações
entre natureza e cultura. Em Sarapalha, conto inserido no
livro Sagarana, de 1946, referências do mundo natural são
usadas para representar o estado febril de Primo Argemiro.
Com base nessa afirmação, assinale a alternativa em que a descrição da
natureza mostra o efeito da maleita sobre a personagem Argemiro:
a. “É aqui, perto do vau da Sarapalha: tem uma fazenda, denegrida e
desmantelada; uma cerca de pedra seca, do tempo de escravos; um rego
murcho, um moinho parado; um cedro alto, na frente da casa; e, lá dentro
uma negra, já velha, que capina e cozinha o feijão.”
b. “Olha o rio, vendo a cerração se desmanchar. Do colmado
dos juncos, se estira o vôo de uma garça, em direção à mata. Também, não
pode olhar muito: ficam-lhe muitas garças pulando, diante dos olhos, que
doem e choram, por si sós, longo tempo.”
c. “É de-tardinha, quando as mutucas convidam as muriçocas de volta
para casa, e quando o carapana mais o mossorongo cinzento se recolhem,
que ele aparece, o pernilongo pampa, de pés de prata e asas de xadrez.”
d. “Estava olhando assim esquecido, para os olhos... olhos grandes
escuros e meio de-quina, como os de uma suaçuapara... para a boquinha
vermelha, como flor de suinã....”
e. “O cachorro está desatinado. Pára. Vai, volta, olha, desolha...
Não entende. Mas sabe que está acontecendo alguma coisa. Latindo,
choramingando, chorando, quase uivando.”
6. (PUC-SP) O conto Conversa de bois integra a
obra Sagarana, de João Guimarães Rosa. De seu enredo como um
todo, pode afirmar-se que:
a. A os animais justiceiros, puxando um carro, fazem uma viagem
que começa com o transporte de uma carga de rapadura e um defunto e
termina com dois.
b. a viagem é tranqüila e nenhum incidente ocorre ao longo da jornada,
nem com os bois nem com os carreiros.
c. os bois conversam entre si e são compreendidos apenas por Tiãozinho,
guia mirim dos animais e que se torna cúmplice do episódio final da
narrativa.
d. a presença do mítico-lendário se dá na figura da irara, “tão séria e
moça e graciosa, que se fosse mulher só se chamaria Risoleta” e que
acompanha a viagem, escondida, até à cidade.
e. a linguagem narrativa é objetiva e direta e, no limite, desprovida de
poesia e de sensações sonoras e coloridas.
7. (FUVEST) - Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou,
perguntou-lhe: - E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear? - Sim,
respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de ideia. - E, se me
permite, qual é mesmo a sua graça? - Macabéa. - Maca - o quê? - Bea, foi ela
obrigada a completar. - Me desculpe mas até parece doença, doença de pele. - Eu
também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da
Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não
tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome que
ninguém tem mas parece que deu certo - parou um instante retomando o fôlego
perdido e acrescentou desanimada e com pudor - pois como o senhor vê eu
vinguei... pois é... - Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande
dívida de honra. Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e
pararam diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do
vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o
silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado: - Eu gosto tanto
de parafuso e prego, e o senhor? Da segunda vez em que se encontraram caía uma
chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos
caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.
Clarice
Lispector. A
hora da estrela.
No trecho "mas minha mãe botou ele por promessa", o pronome pessoal foi
empregado em registro coloquial. É o que também se verifica em:
a) Major Saulo, de O
burrinho pedrês.
b) Lalino, de Traços
biográficos de Lalino Salãthiel ou A
volta do marido pródigo.
c) Primo Ribeiro, de Sarapalha.
d) João Mangolô, de São
Marcos.
e) Augusto Matraga, de A hora e vez de Augusto Matraga.
8. (FUVEST) Dentre os contos de Sagarana existe
um em que o narrador sustenta um duelo literário com outro poeta, chamado
Quem Será, e no qual se fazem várias considerações sobre a natureza da
poesia. Numa metáfora do condicionamento do homem, resistente à aceitação do
novo e diferente, o autor leva a personagem a passar por um período de
cegueira. A partir daí a personagem descobre a mutilação dos sentidos, que
agora se abrem a outras vertentes da realidade.
Em qual dos contos abaixo se discute essa
questão?
a. "A hora e a vez de Augusto Matraga".
b. "Duelo".
c. "Conversa de bois".
d.
"São Marcos".
e. "Corpo fechado".
9. (MACK) Sobre o personagem principal de "A hora e a vez de Augusto Matraga",
de Guimarães Rosa, assinale a alternativa incorreta.
a. No decorrer da narrativa, aparece como Nhô
Augusto, Augusto Estêves e Augusto Matraga.
b.
No início, surge como um fazendeiro pacato, avesso a brigas e totalmente
dedicado à família.
c. Por ordem de seu maior inimigo, é surrado,
marcado a ferro e deixado praticamente morto.
d. Convidado por Joãozinho Bem-Bem a integrar
seu grupo de jagunços, recusa tal oferta ...
e. No duelo final, morre em consequência dos
ferimentos recebidos, assim como seu opositor.
10. É comum em SAGARANA, como em outras obras do
autor, o tema da viagem/travessia, em que essa assume caráter metafórico,
simbólico. Considerando tal raciocínio, assinale a alternativa correta.
a) Para Major Saulo, de "O burrinho pedrês", a
viagem implica mudança de comportamento, clara nas palavras da sua
despedida.
b) As constantes viagens de Lalino Salãthiel, de
"A volta do marido pródigo", transformam o seu modo de vida, com o
personagem assumindo, no final, um outro código de valores.
c) A viagem empreendida por Dona Dionóra, de "A
hora e a vez de Augusto Matraga", leva-a de um casamento feliz a uma relação
conturbada.
d) Para o protagonista de "Minha Gente", a
viagem significa a incorporação da visão de mundo do homem sertanejo e
interiorano.
e) Os personagens de "Sarapalha" tornam
possível, mediante rememorações, a experiência da viagem, modificando a
relação até então existente entre eles.
11. PUC-SP 2009 - Guimarães Rosa escreveu "Sagarana" em 1946. Compõe-se esta obra de nove contos, entre os quais se destaca "Corpo Fechado", narrativa que relata episódios vividos por uma personagem que se envolve com histórias de valentia, convivência com ciganos, afrontas amorosas, trocas duvidosas com perdas e ganhos e intimidações que justificam o fechamento de corpo. Indique a alternativa que contém dados caracterizadores da personagem central que protagoniza o enredo do referido conto.
a. Manuel Fulô, um sujeito pingadinho, quase menino - "pepino que encorujou desde pequeno" - cara de bobo de fazenda - (...) mas que gostava de fechar a cara e roncar voz, todo enfarruscado, para mostrar brabeza, e só por descuido sorria, um sorriso manhoso de dono de hotel. E, em suas feições de caburé insalubre, amigavam-se as marcas do sangue aimoré e do gálico herdado: cabelo preto, corrido, que boi lambeu; dentes de fio em meia-lua; malares pontudos; lobo da orelha aderente; testa curta, fugidia; olhinhos de viés e nariz peba, mongol.
b. Turíbio Todo, nascido à beira do Borrachudo, era seleiro de profissão, tinha pelos compridos nas narinas, e chorava sem fazer caretas; palavra por palavra: papudo, vagabundo, vingativo e mau.
c. E o chefe - o mais forte e o mais alto de todos, com um lenço azul enrolado no chapéu de couro, com dentes brancos limados em cume, de olhar dominador e tosse rosnada, mas sorriso bonito e mansinho de moça - era o homem mais afamado dos dois sertões do rio (...), o arranca-toco, o treme-terra, o come-brasa, o pega-à-unha, o fecha-treta, o tira-prosa, o parte-ferro, o romperacha, o rompe-e-arrasa: Seu Joãozinho Bem-Bem.
d. João Mangalô velho de guerra, voluntário do mato nos tempos do Paraguai, remanescente do "ano da fumaça", liturgista ilegal e orixá-pai de todos os metapsíquicos por-perto, da serra e da grota, e mestre em artes de despacho, atraso, telequinese, vidro moído, vuduísmo, amarramento e desamarração.
e. Primo Ribeiro, sarro de amarelo na cara chupada, olhos sujos desbrilhados, e as mãos pendulando, compondo o equilíbrio, sempre a escorar dos lados a bambeza do corpo. Mãos moles, sem firmeza, que deixam cair tudo quanto ele queira pegar. Baba, baba, cospe, cospe, vai fincando o queixo no peito.
- - - - - - - -
Gabarito:
1 - b
2 - d
3 - c
4 - e
5 - b
6 - a
7 - e
8 - d
9 - b